sábado, 6 de março de 2010

DESABAFO

Hoje ela acordou com o coração apertado, tentando entender se ele estava feliz ou angustiado. Ela deitou no sofá da varanda e fechou os olhos, sentindo a brisa bater em seu rosto, e como se fossem folhas ao vento os pensamentos começaram a surgir...
Então ela lembrou das histórias que lhe contavam quando criança (...)e foram felizes para sempre(...)
Ela lembrou dos filmes, das novelas onde as pessoas que amavam verdadeiramente sofriam a trama inteira, mas no final ficavam com seu grande amor. Ela lembrou quando brincava de bonecas e então era "dona" daquela história onde sempre os casais eram felizes tinha muita paixão, muito amor e carinho.
Ela lembrou quando chegou a fase de adolescência e na escola todas as meninas tinham um "príncipe" que não era encantado pois elas rapidamente davam jeito de "agarrá-los', enquanto ela vivia a suspirar pelos cantos sem declarar seu sentimento, temendo rejeição. Escrevia inúmeras cartas que jamais foram entregues...lembrou da primeira vez que chorou por um rapaz, quando mulher, lembrou da primeira vez que chorou por um homem, perdeu a conta de quantas vezes chorou.
Chorou e se acostumou a sofrer calada, ela jamais fez o tipo escandalosa ou que impunha sua presença. Doce, carinhosa, calada...à espera de que um dia a vida mudasse o roteiro do seu destino.
Ela lembrou das vezes que tentou em vão se comportar como leviana e se envolver com alguém apenas por "instinto" atração sexual. Descobriu que o vazio era maior do que um desastre nuclear pode causar, que entregar o corpo a alguém que não lhe abraçava depois do "ato" causava uma dor mais forte do que ser alvejado por um tiro. Dilacerava seu coração...Percebeu então que não poderia se vingar de todos os homens que cruzassem seu caminho deixando-lhes apaixonados e partindo, pois ou ela não os amava ou ela se apaixonava e não conseguiria deixa-los.
Lembrou das noites que passou em claro, agarrada ao travesseiro, olhando a lua e as estrelas e fazendo baixinho um pedido.
Lembrou que muitas vezes "configurou" seu coração e o fez aceitar alguém que não acelerava seus batimentos, nem fazia sua mão suar, mas que "parecia" ser a pessoa certa.
Lembrou quantas e quantas vezes ao passar pelas vitrines de loja de noiva se imaginou casando...e logo depois declarou guerra ao casamento e denominou-se feminista e independente.
Por fim...ela lembrou que apesar de todos os desamores e decepções que a vida lhe proporcionou, ela ainda acreditava que o homem que reúne todos os elementos para ser o grande amor da sua vida, irá chegar. Ela lembrou cada detalhe do rosto dele, do corpo, das mãos, do cheiro, do jeito dele agir, dos gostos dele, da sua voz, seus hábitos e até mesmo o time que ele torce. Ao pensar em todos esses detalhes, ela sentiu seu coração vibrar de alegria, como um passarinho canta ao nascer do sol, ela sentiu um calor envolvendo seu corpo como se fosse um abraço carinhoso do seu amado, ela sorriu pois sentiu nos lábios o doce sabor como se tivesse sido beijada por ele...
ELA ACORDOU e viu que o grande amor de sua vida estava ao seu lado! E que tudo que ela sentira tinha sido real. Ele estava ali do lado dela, o homem com quem ela sempre sonhou, lhe cobrindo de carinhos, proporcionando sensações que ninguém jamais lhe causou. Fazendo-a feliz como só nas novelas ela havia assistido. Seu coração não cabia em si de tamanha felicidade e ela abraçou o seu amado enquanto ele dormia em seus braços. ELA DESPERTOU para a realidade e percebeu que aquele se tratava de um universo particular, que seu amado existe e é do jeitinho que ela sempre sonhou...Entretanto, como em todas as histórias de filmes e novelas...ela lembrou...lembrou que o seu príncipe é real mas que no seu dedo da mão esquerda ele já carrega uma aliança.
Uma lágrima escorreu em seu rosto, e depois outra e mais centenas de lágrimas inundaram seu peito. Ela voltou a fechar os olhos e lembrou que no seu universo particular é ela quem escreve o roteiro da história da sua vida e neste ela pode e vai viver o seu grande, único e verdadeiro amor.

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